sábado, 9 de novembro de 2013

Rinaldo Rodrigues - Presidente conduz Liga Sorocabana na base do grito

Também técnico do time, Rinaldo Rodrigues faz de tudo um pouco para não deixar a modalidade morrer em Sorocaba



O relógio se aproxima das 22h. O time da Liga Sorocabana de Basquete está perdendo por quase 30 pontos de diferença para o Paulistano, em São Paulo. Depois do jogo, vai ter de pegar a Castelo Branco, voltar a Sorocaba e fazer outro bate-e-volta no dia seguinte para a capital paulista, desta vez para o segundo jogo dos duros playoffs de quartas de final do Campeonato Estadual. O treinador e presidente do clube, Rinaldo Rodrigues, profere então a ameaça: “Amanhã vocês vão treinar muito. Eu quero todos na quadra às oito da manhã!”.

Durão e considerado meio louco, Rinaldo faz de tudo em Sorocaba: procura patrocinadores, faz contratações, treina os jogadores e realiza promoções pela cidade para atrair torcedores ao Ginásio Gualberto Moreira. A mulher dele é a diretora financeira. Frequentemente com os nervos à flor da pele, Rinaldo acaba mesmo sendo uma atração. Alguns torcedores do Palmeiras cismam em ir ao ginásio do Paulistano apenas para azucriná-lo. Não se conformam com a ousadia do treinador, que gritou “Timão!” em pleno ginásio do clube alviverde em um jogo da fase de classificação.

Com orçamento de apenas R$ 40 mil mensais, a Liga Sorocabana vem fazendo bonito. Chegou a ocupar a última colocação do Paulista, até arrancar para o sexto lugar e a classificação para os playoffs. No caminho, obteve resultados inéditos, como a primeira vitória da história do clube sobre o Franca. “A gente formou este time com reservas de outras equipes e conseguiu uma reação muito boa. Gosto muito desta equipe”, elogia ele, depois de reclamar, durante os pedidos de tempo, que o armador não lidera, o reforço que veio do basquete universitário americano “não aprendeu nada nos Estados Unidos, foi lá para passear” e o pivô “é uma grande decepção”.

O fato de o time ser modesto não o exime de cobranças. Até hoje, a principal conquista foi a da taça de 2010 do Novo Milênio, torneio que envolve as equipes paulistas que estão fora do NBB. Na temporada retrasada, obteve vaga no torneio nacional ao fazer boa campanha na Supercopa Brasil. Nada mau para uma equipe que começou com dinheiro arrecadado com a venda de rifas de camisas do time de futebol do São Bento.

A criação da equipe, segundo Rinaldo, foi uma iniciativa adotada com o objetivo de manter vivo o basquete sorocabano. “Depois da passagem da Hortência, havia uma lacuna na cidade”. Em 1997, no fim da carreira, o ala resolveu fundar a equipe, com a formação de algumas categorias de base. Na época, Rinaldo acumulava as funções de jogador, treinador e presidente. Sentindo a necessidade de prolongar ao máximo a carreira dentro de quadra, abandonou o vício da cocaína. “Eu precisava ter saúde para jogar depois de velho e joguei até os 39 anos de idade”, conta ele. “Consegui parar de usar drogas apenas com a força de vontade. Hoje eu dou palestras sobre o assunto e visito clínicas. Tenho um irmão que está internado e sempre que posso tento ajudar quem sofre com esse problema.”

De certa forma, a cidade comprou a ideia de Rinaldo. Alguns patrocinadores se mantêm atrelados ao projeto há 15 anos. Rinaldo ainda precisa de mais. Seu sonho não é, ao contrário do que se poderia imaginar, a conquista de um título do NBB. “Meu objetivo é ter times em todas as divisões de base. Temos apenas uma equipe juvenil. Eu vivo do basquete, o esporte que me salvou. Gosto de pagar o que o basquete me deu.”

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